Metrô - Aventuras Diárias de um cidadão urbanizado.

06h50 da manhã, o despertador toca com uma música "♪Peguei o trem do amor (...)♫" eu pensando... PUTS! Não, a tortura não é acordar cedo, é essa maldita música pra me lembrar que meu trajeto é feito de metrô!
Não discordo nunca, que esse meio de transporte é uma das maravilhas da cidade moderna, tipo, fora do horário de pico, ele é prático, confortável e até mais rápido.
Mas meu irmão... Às 7h da manhã, parece filme de guerra, cada um por si e ganha quem entrar no trem.
Vale empurrar, vale bater, e sorte sua se não presenciar uma briga (as de mulheres são patéticas), mas são dessas coisas que só se vêem no metrô.
Imagina só, dentro de uma cidade como São Paulo, uma ferramenta que reúne por dia, praticamente todos os tipos e todos os arquétipos de pessoas, tinha que deixar suas tortuosas viagens, no mínimo, um pouco interessantes.
E são às sete da manhã, que seu repertório vai começando a enriquecer, imagina só, você e o resto das 10 mil pessoas que estão enlatadas no vagão, rindo compartilhadamente de uma figura falando no celular no volume 50, tipo. acho que ele quer que a voz dele alcance a outra pessoa sem precisar do aparelho, e todo mundo acaba sabendo todo o conteúdo da conversa involuntariamente. Tem também a sessão pregadora, geralmente senhores de terno com a bíblia em baixo do braço gritando possuído tentando fazer conversões e exorcismo (só pode), algum marqueteiro pode ter a brilhante idéia de por altares nos trens, pois pregações protestantes são comuns no metrô.
E a educação das pessoas são materiais exemplares para espelho de comportamento. Uma jovem dorme num acento preferencial e a velhinha muito simpática inconformada desconta em você, pobre criatura que está em pé, sem ter onde se segurar, porque você, pobre criatura, cedeu o bastão pra maldita, que te empurra e pisa no seu pé, pragueja e fala coisas feias, sei lá, vai ver é a forma que ela tem de te agradecer.
Você acorda a moça que te olha com cara de monstro raivoso, sem intimidação, pedi gentilmente que ela cedesse o lugar pra “simpática senhora” e graças, mil vezes graças, que daquele olhar não pulam facas nem labaredas nem qualquer tipo de arma.
Essas sensações bizarras de estranhamento e deboche, o contato com essas pessoas opostas, sempre é prolongado, pelo trânsito férreo, sacanagem, colocar 10 mil pessoas por vagão e seguir viagem quase parando, funciona como um teste de paciência, mas me embrulha o estômago, em alguns dias ele dói o dia todo.
Mas como nada é tão ruim que não pode piorar, meu trajeto é composto de 03 baldeações, tenso, muito tenso, só quem já passou pela Sé viveu a minha dor, lá no centro que a coisa complica, onde se misturam pessoas de todos os pólos da cidade e a confusão ta armada, a coisa só ameniza quando chega no contra-fluxo e só alivia da estação final.
Como é bom ver a luz do dia. =)

Montando um Fã Clube Bizarro

Minha última aula de criatividade foi incrível como todas as outras, mas com um diferencial, ouvimos um relato bizarro de uma mãe tentando promover o filho, cujo sonho é cantar na virada cultural e segundo ela: "Não é porque ela é mãe, o menino tem talento!"
Situação clichê, a mãe coruja ditando as qualidades do filho para as "Águias" que o contratariam.
Resumindo: ela chorou, bateu o pé, implorou, bateu no peito dizendo que aquelas pessoas "ainda ouviriam falar dele (melhor só ouvir falar mesmo) e conseguiu que o dito cujo tivesse sua fatia de participação na virada.
Ela deixou também as referencias de um vídeo no Youtube, onde o Jean Rodrigo (tem nome de artista vai?) mostra todo o seu talento.
Eu admiro a força de vontade dessa mulher bizarra em botar à cara a tapa e mão no fogo por esse magnífico "talento". Seria ele a versão menino da Stefany Crossfox?
Bem, o intuito é ajudar essa carreira, criar um fã clube e fazer virar hit, é engraçado, é bizarro e a dancinha sexy do final é impagável!

Com vocês o astro: Jean Rodrigo

Unfollow

Penso às vezes sobre como são frágeis nossas relações: em um dia temos alguém como um tudo nessa vida, assim, tão derrepente, você se dá conta de que esse alguém é só um restinho que você deixou pra trás.
Pode parecer cruel falar assim, mas o esquecimento e a indiferença é o desfecho natural das coisas. Quantas vezes você chorou no final de um ano letivo, pelas amizades que se afastariam, depois tentou consolo na existência dos meios de comunicação, das redes sociais, mas nunca, nunca mais, nem se prontificou a mandar um e-mail pra marcar um reencontro de boteco?
E quem não se descabelou por amor, e depois sorriu envergonhado da excentricidade da coisa?
Isso é desapego, uma hora a gente cansa de sentir saudades, de alimentar lembranças, porque a gente nunca pensa mais no outro, a prioridade é nossa, o conforto emocional é nosso. Acho que isso não é uma coisa ruim, só nos livramos de bagagens antigas, pra ter mais espaço entre os braços para segurar às outras que vem vindo, vêm vindo e um dia se vão.
Mas como nada é regra, têm sim pessoas que passam e marcam, deixam lembranças claras, fortes, mas nem por isso, sofreremos pra sempre com as partidas.
O círculo das coisas efêmeras é imenso, e pensar que pessoas são efêmeras me faz rir, fere um pouquinho do orgulho, principalmente porque não queremos ser esquecidos no meio do nada, nem queremos ser lembrança turva. Em contrapartida, quando esquecemos é um peso que a gente larga e um corpo mais leve tem melhor postura, mesmo quando o esquecimento é forçado, daquele tipo que força que escangalha por dentro pra depois te deixar melhor, um tipo de força mais mental do que física de pressionar o botão delete, de clicar num block e nunca mais usar a pesquisa do reencontro, um tipo de força que gera lágrimas involuntárias que lavam as retinas deixando a visão mais clara e as cores mais vibrantes, um tipo de força que te estimula e aumentar seu amor próprio, te aproximando de sua essência, a de uma natureza um tanto egoísta, só que sem precisar de alguém pra suprir isso. Liberdade.
Liberdade é o que queremos, mas liberdade sem solidão, por isso, pessoas continuaram chegando, riscando nosso caminho e apagando como que com borracha. Somos feitos pra isso.

Santa chuva

Versinhos com barquinhos.
Protestos politícos sobre casos e descasos de enchentes e inundações.
Um vento frio que resseca minha pele e gotas de chuva ácida, queimando meus cabelos (contras de São Paulo).
Um dia perfeito, de saborear um mal-humor (se fosse em baixo de um edredom, com pipoca e chocolate eu ia gostar), porque será que chuva combina com solidão?
A gente sempre quer uma compania quentinha, pra dar risada e conversar, mas só queremos, porque no meio da chuva, quase sempre estamos sozinhos.
Chuva combina com música, mas não muito alta, nem muito alegre, dias chuvosos são melancólicos, pedem um pouco de romantismo.
Chuva combina com preguiça, sim, esses dedos que escrevem estão numa fadiga, quase endurecidos, caimbrã, soninho que me dá, que te dá, dias de chuva combinam com bocejos.
Dias de chuva combinam, mais ainda, com expectativa, do céu cansar de desaguar, das nuvens cansarem de esconder o astro, das folhas cansarem de acumular orvalho e sorrirem para os raios, que poderiam estar aquecendo o meu nariz gelado...